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Pintou na tela!

Sobre história, sociedade, política e psicologia. Na Europa, a sétima arte contempla a terceira arte.


Por FELIPE VIVEIROS*


O Deserto da Arte Proibida (2010)

País: Rússia


Perfeito para os entusiastas do tema, O Deserto da Arte Proibida conta a improvável história de como 40.000 criações artísticas soviéticas, no valor de milhões de dólares, banidas por razões ideológicas, foram encontradas no meio do deserto do Uzbequistão. O filme, dirigido por Amanda Pope e Tchavdar Georgiev, é uma chance de conhecer a até então anônima escola de artes plásticas que se estabeleceu no islâmico país da Ásia Central após a Revolução Russa de 1917. A produção explora como a arte sobrevive em tempos de opressão e nos leva a uma dramática jornada de sacrifício em prol da liberdade criativa.



Cézanne and I (2016)

País: França


Para ficar “impressionado”! Dirigido pela cineasta de Mônaco, Danièle Thompson, Cézanne et Moi traça os caminhos paralelos da vida, carreira a amizade do pintor pós-impressionista Paul Cézanne e do romancista Emile Zola. Drama biográfico situado no século 19, a trama revela como os ícones culturais franceses deixaram o sul do país para conquistar o mundo. Zola, escritor órfão e pobre, abraça a burguesia parisiense. Cézanne, pintor filho de família rica, rejeita a aristocracia da capital francesa. O filme foi nomeado como representante da França no Oscar de 2017.



Afterimage (2016)

País: Polônia


Aos amantes de arte e política, Afterimage é um retrato do pintor vanguardista Wladyslaw Strzeminski. O artista se opôs ao realismo social e manteve sua própria liberdade, apesar dos obstáculos políticos do regime socialista na Polônia. O governo de Stalin exigia que apenas arte realista socialista fosse ensinada, o que levou à destituição do cargo do pintor na Escola de Artes Visuais e à destruição de suas obras vanguardistas. Último filme do diretor Andrzej Wajda – que morreu no ano do lançamento em 2016 – a produção é uma forte crítica à ortodoxia stalinista, e discute os caminhos verdadeiramente progressistas da arte.



The Square (2017)

País: Suécia


Ganhador da Palma de Ouro do Festival de Cannes, The Square faz crítica ácida as “panelinhas” VIP do mundo da arte contemporânea. O filme, dirigido pelo cineasta sueco Ruben Östlund, é satírico e questiona a suposta intelectualidade de um público completamente desconectado do objetivo do artista. Na linha tênue entre o instinto e a civilidade, o longa retrata um curador que luta com questões pessoais e enfrenta um vídeo publicado sem sua supervisão, colocando sua carreira em jogo. A obra é uma abordagem selvagem para o debate entre liberdade de expressão e o politicamente correto.



Ruben Brandt, Colecionador (2018)

País: Hungria


Inovador – e muito incomum – thriller de animação, Ruben Brandt, Colecionador é uma viagem pelas fronteiras entre as artes, o crime e a psicologia. A produção húngara, dirigida pelo cineasta esloveno Milorad Krstić, tem como personagem principal um psicoterapeuta que sofre pesadelos violentos, todos inspirados em obras de arte. Quatro de seus pacientes, ladrões profissionais, se oferecem para roubar as obras e, então, acabar com as alucinações. A produção, sob clima espetacular, tem um estilo visual único e repinta, de maneira muito particular, as obras do mundo real. O filme, que ganhou diversos prêmios nacionais e internacionais, aborda as questões psicológicas e emocionais da arte.


*Felipe Viveiros, graduado em Relações Internacionais pela PUC-SP, tem extensão universitária em Comunicação Empresarial pela Universidade da Colúmbia Britânica (Canadá) e é mestre em Relações Internacionais e Organização Internacional pela Universidade de Groningen (Holanda).

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