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Estados Unidos do Sudão

Músicos com raízes sudanesas surgem na América do Norte. E articulam uma abordagem híbrida e rica de identidade.


Por FELIPE VIVEIROS*


Oddisee


Amir Mohamed el Khalifa, mais conhecido como Oddisee, é um rapper-produtor que tem sido elemento chave no desenvolvimento da música sudanesa-americana. Filho de mãe afro-americana e pai sudanês, o artista nasceu na capital Washington e passou grande parte de suas férias no Sudão. Sua criação bi-continental o permitiu navegar pelas identidades sobrepostas dos africanos e afro-americanos.



Sinkane


Ahmed Gallab – codinome Sinkane – chegou aos EUA com sua família aos cinco anos de idade, em busca de asilo político depois do Golpe Militar de 1989, no Sudão. Cresceu na cidade de Provo, em Utah, epicentro da vida mórmon. Desde criança sempre foi diferente dos círculos sociais que rodeavam: não era branco ou norte-americano. Encontrou o seu lugar na cena underground entre o disco e o afrobeat.



Alsarah


Filha de ativistas de direitos humanos, Alsarah deixou o Sudão de maneira abrupta após o Golpe Militar de 1989. Sua família navegou do Iêmen para Massachusetts, onde a artista graduou-se em Etnomusicologia. Ao invés de apresentar um repertório “clássico”, Alsarah criou sua própria versão do povo núbio ao fundir retro-pop com as tradições populares que estudou em seu curso superior.



Mo Kheir


O carismático frontman do grupo de hip-hop No Wyld mudou-se para Nova York em 2014, quando a banda assinou com a gravadora Columbia. Mo Kheir, de maneira quase imediata, tornou-se parte do círculo sudanês-americano. O artista conectou-se a uma rede de artistas de mesmo background nos EUA, adaptando sua produção musical em harmonia com a consciência política dos dois países.



BAS


Bas é o cosmopolitismo em pessoa. Filho de sudaneses, o rapper nasceu em Paris, cresceu em Nova York e passou seus verões da infância no Sudão. Seu pai era membro do corpo diplomático e opositor ao Regime Militar, nos anos 1980. Com mentalidade de diáspora, o artista se apoia na estética dos produtores afro-parisienses e recorre com frequência à dupla identidade em seu trabalho.


*Felipe Viveiros, graduado em Relações Internacionais pela PUC-SP, tem extensão universitária em Comunicação Empresarial pela Universidade da Colúmbia Britânica (Canadá) e é mestre em Relações Internacionais e Organização Internacional pela Universidade de Groningen (Holanda).

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