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Cinemastão

Do domínio soviético a era pós-Talibã. Deixe o Afeganistão contar sua própria história.


Por FELIPE VIVEIROS*


The Orphanage (2019)


Da diretora Shahrbanoo Sadat, The Orphanage se passa no Afeganistão dos anos 1980. Um adolescente de 15 anos que vive nas ruas de Cabul vende ingressos de cinema no mercado negro. O menino é um grande fã de Bollywood e sonha acordado com as cenas favoritas. Seu mundo vira de ponta cabeça quando a polícia o leva para um orfanato soviético. A situação do menino muda conforme os governos e a política também mudam. O filme é um lembrete de que não se pode questionar o presente, quando não se conhece o passado do país.



The Patience Stone (2013)


Interpretado em língua dari, The Patience Stone faz referência ao folclore persa. “A Pedra da Paciência” absorve o sofrimento daqueles que nela confiam. No filme, dirigido por Atiq Rahimi, o amuleto é o marido que se encontra em coma. Enquanto facções rivais se enfrentam nas ruas, a esposa afegã fala sobre sua vida – sem saber se o parceiro a ouve. Suas confissões liberam o peso da opressão das normas conjugais, sociais e religiosas e captam a realidade da vida feminina sob o peso do regime Talibã no Afeganistão.



Buzkashi Boys (2012)


Com o cenário deslumbrante da cidade de Cabul, Buzkashi Boys conta a história de dois amigos – um menino de rua e o filho de um ferreiro – que buscam uma vida melhor. Os garotos sonham em ser campeões do esporte nacional do Afeganistão, o Buzkashi. A atividade é uma forma radical de polo, disputada com uma carcaça de bode ao invés de uma bola. Quando um dos meninos decide roubar um cavalo para provar que pode realizar seus sonhos, as coisas se descontrolam e os jovens precisam enfrentar a realidade da situação em seu conturbado país.



A Letter to the President (2017)


A Letter to the President retrata a vida de uma funcionária do governo que é presa após acidentalmente matar, em legítima defesa, o seu marido, um homem abusivo e violento. Atrás das grades, ela escreve ao presidente pedindo ajuda. Roya Sadar foi a primeira diretora na história do cinema afegão, na era pós-Talibã, que se aventurou a fazer longas-metragens e documentários sobre o tema da injustiça e das restrições impostas às mulheres no país.


*Felipe Viveiros, graduado em Relações Internacionais pela PUC-SP, tem extensão universitária em Comunicação Empresarial pela Universidade da Colúmbia Britânica (Canadá) e é mestre em Relações Internacionais e Organização Internacional pela Universidade de Groningen (Holanda).

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