Ofuscado por Bollywood o cinema paquistanês reage, com qualidade, ao rival indiano.
Por FELIPE VIVEIROS*
Bol (2011)
Escrito, dirigido e produzido por Shoaib Manor, conhecido por dirigir diversas séries de sucesso aclamadas pela crítica paquistanesa, "Bol" em idioma Urdu significa "fale" ou "palavra". O filme relata uma família muçulmana de Lahore que enfrenta dificuldades financeiras, causadas pelo excesso de filhas no incessante desejo de que nasça um homem. A criança chega, mas é hermafrodita. A produção faz parte de um projeto de saúde maternal e infantil com o objetivo de defender os direitos da mulher, trazer consciência para o planeamento familiar e as questões de gênero no Paquistão.
Waar (2013)
Thriller de ação dirigido por Bilal Lashari, Waar é a sexta maior bilheteria da história do país. O filme é uma representação de eventos reais em torno da "guerra ao terror" no Paquistão, incluindo o famoso ataque a uma Academia de Polícia, em 2009.A trama envolve o espectador em uma operação conduzida no noroeste do território e coordenada por um oficial da área de inteligência, que toma conhecimento de um grande ataque terrorista. O longa inclui mais de 400 efeitos visuais e famosas locações paquistanesas como Karachi, Lahore, Islamabad e Swat Valley.
Manto (2015)
Drama biográfico baseado na vida do escritor de nacionalidade indiana e paquistanesa, Sadat Hassan Manto, o filme foi lançado 60 anos após a sua morte. Dirigido e estrelado por Sarmad Khoosat, o roteiro foi adaptado dos contos de Sadat Manto, conhecido por sua posição crítica à sociedade e por suas histórias sobre a divisão da Índia, a qual ele se opôs após a independência, em 1947. As angústias, a rebeldia, o desprezo pela aristocracia e pelo fundamentalismo religioso fazem com que o espectador não só fique imerso nas contradições da sociedade paquistanesa, como também conheça de maneira íntima o ponto de vista de um dos grandes escritores do país.
Moor (2015)
"Moor" em língua Pachto significa "mãe". Trata-se de um idioma conhecido na literatura persa como "Afegão" e é a segunda maior língua regional do Paquistão, principalmente ao norte da província do Baluchistão. O filme retrata a vida de um operador de estação de trem, que perde a esposa de maneira inesperada em pequena e remota cidade da região. O pano de fundo da trama é o declínio do sistema ferroviário paquistanês. O homem se vê diante de um dilema entre a corrupção, que poderá lhe trazer vida melhor, e o respeito à integridade de seus amados caminhos de ferro. Moor foi selecionado, pelo Paquistão, para concorrer à categoria de Melhor Filme Estrangeiro, no Oscar de 2016.
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